quinta-feira, 16 de junho de 2011

Condenado



Nesse encontro teria poucas regras a seguir.
Regras novas, embora datassem do início das coisas...
As que lhe eram tão caras (e antes regiam sua existência) tinham se rasgado por inteiro.
Não imperavam mais.


Assim, à míngua de um código escrito, restou sumariamente decretado:
Art. 1º. Haveria sorrisos. Muitos.
Art. 2º. Não haveria mentiras.


Nada mais? 
Não. O essencial estava já estabelecido.


Mas a torpeza atirou seus decretos à lama,
como se nada significassem.
O trato arruinado,
com mentiras que não traziam sorrisos a conhecer.

"– Sinto−me como se a alma me tivesse caído a uma latrina ! Preciso um banho por dentro !" (Eça de Queiroz - Os Maias).

Não havia, contudo, penas estabelecidas.
Nada poderia exigir, já o sabia de antemão...
Vácuo legislativo sobre direitos fundamentais que não seriam jamais usufruídos...
Mas, não. Não se utilizaria de mandado de injunção.
A sua pena, caríssimo, será lembrar-se de mim...


Naiana Carapeba (17/06/2011)

Um comentário:

  1. Depois de postar, abri o blog "Vem cá Luísa... me dá tua mão" e vi o seguinte post - completamente adequado:

    "Distraído, tentava aproximações, mas tão inábeis que os outros se encolhiam, medrosos da segunda intenção que ignoravam inexistente. Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação, que lhe bastava amar, como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre? Pois se ninguém aceitaria ser objeto de amor sem exigências."

    (Caio Fernando Abreu in: Inventário do ir-remediável. Conto: Amor. Ed. Sulinas, p. 101)

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