Vivia uma situação completamente surrealista -
Sentia a destruição da racionalidade
E o formar-se do império dos anseios do meu subconsciente.
Os pincéis que escolheria para minha obra
Estavam postados à minha frente.
Suas cores, tão parecidas -
Mas em tons tão diferentes...
O que escolheria para gerar esta obra intimista?
A obra de uma vida inteira...
Não. Nem a lógica, nem a razão participaram deste embate.
Tive ímpetos de borrar a tela, em carmim ensanguentado,
Um coração derretido, em que a honra seguia subvertida
Os ditames da sua inconsciência...
Mas, amarrou-me as mãos
A formação humanista que me fez crescer. E apreender minha condição imanente ao utilitarismo.
E, então, tive ímpetos de desenhar um palácio renascentista -
com todos os seus traços equilibrados e simétricos.
E nele habitar, esquecendo-me dos novos significados
Que todo o meu cotidiano liberto poderia ter...
Ao final, nem obra, nem quadro.
Nada.
Apenas meu corpo em trapos
Mostrava-me todas as minhas impossibilidades...
Naiana Carapeba (22/05/2011)
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