Não me apetecem, em geral, os vinhos do Novo Mundo. Acho seus taninos muitíssimo agressivos. Desnecessariamente. Trazem em si uma rebeldia juvenil que, muitas vezes, nem o amadurecimento em barricas de carvalho é capaz de amaciar. O processo de vinificação já lhes deu tudo o que podem entregar. São simplórios, embora mascarem tal fato com sua intensidade desmedida. Servem apenas para trazer o paladar a nocaute.
Em regra, os vinhos do Velho Mundo me agradam mais ao paladar. Os vinhedos já estão maduros. O viticultor sabe o que vai colher, conhece o seu terroir. E o que vai produzir nesse encontro. Vinhos macios, cheios de personalidade. Nuances sutis perfumam seus aromas. Vinhos que evoluem com a guarda. Alcançam seu auge muito após a vinificação. E, para isso, é necessário estrutura - que, essencialmente, decorre de todo o processo de obtenção diferenciado de um vinho de guarda. Assim, não é possível transformar um vinho de linha de produção em vinho de guarda apenas deitando sua garrafa na adega. Não há metamorfose possível.
O consumo deste tipo de vinho, porém, não é para todos. Não é apenas uma questão de preço. Não mesmo. O que é essencial saber é que esses vinhos não são imediatistas. Exigem espera. E, também, muitas vezes exigem decantação. Calma. Técnica. Perfeição.
Naiana Carapeba (28/10/2011)