segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cercle Vicieux



Estava presa naquele círculo vicioso...
Meus sentimentos eram não apenas fortunas,
eram também misérias.
E, transmudavam-se para mim, assim também como para ela,
no mesmo instante em que era virada nossa sorte.
Sempre ao sabor do reflexo estampado
no espelho que dividíamos...


Aquela que estava do outro lado do espelho,
divisava o mesmo reflexo que eu.
Beneficiava-se das mesmas fortunas.
Sofria das mesmas misérias.
E, lidava, dolorosamente, com a mesma alternância em seu destino...


O ciclo se completava, enfim...
Os acontecimentos se sucediam -
ininterrupta e indefinidamente.
E, levavam sempre ao mesmo desfecho:
trágico, lamentável, inconfesso.


A rotina era inequivocamente cíclica,
pois, o elemento que eu buscava definir
também estava contido na definição
que me era posta por aquela mulher.
E, assim, voltávamos as duas ao início da equação disforme.
E, ambas jogávamos os dados sobre a mesa,
para que soubéssemos a quem a sorte
iria sorrir naquele momento:
miséria ou fortuna?


Minhas conclusões, contudo,
achava-as escondidas nas premissas da outra.
Eram elas como faces da mesma moeda.
Nossos destinos, assim, foram indissoluvelmente misturados - ontem, agora e para sempre.


Eu e a outra dona,
e nosso espelho ao meio.


O reflexo, porém, não cessava...
Perseguia-nos, como esfinge...
Encarava-nos, imóvel, do espelho...
Deliciava-se com nossa agonia...


E, trazia sempre o mesmo questionamento,
sem querer silenciar:
Seria possível transformar o círculo vicioso
em círculo virtuoso?
A resposta, mesmo ambas já a sabendo,
preferimo-na ignorar.


Ei! Os dados estão sobre a mesa mais uma vez...


Naiana Carapeba (11/07/2011)

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