sábado, 24 de março de 2012

Gonçalo Ivo


"Je suis un "animal pictural". Mon seul espace est l'atelier, lá où je me sens libre puisque le temps n'y compte point. Ma peinture n'est aucunement l'illustration de mes sentiments.

Je travail sans cesse avec ce qui est réel. La subjectivité et l'ambiguïté elle-mêmes sont réelles..."


(Gonçalo Ivo - Oratório) 




terça-feira, 20 de março de 2012

Recados ao vento



São tantos os dizeres
que não sei a quem se endereçam...


São tantos os alvos
que não sei a quem você acerta...


São tantos os interesses
que não sei a quem você deseja...


Seus recados, ao vento,
levados ao sabor dos acasos,
sem destino certo.


A quem você fala?


Naiana Carapeba (20/03/2012)

quinta-feira, 15 de março de 2012

E se...


E se nossas histórias houvessem se unido,
indissoluvelmente,
ao invés de meramente se cruzarem?


E se o destino, em um golpe, não houvesse nos separado,
em linhas distintas
e páginas viradas?


E se houvéssemos sucumbido à vontade de ficarmos juntos,
e nossa juventude se transmudasse na maturidade que ora entregamos?
E se?
E se?
E se?


E se fosse realmente amor?
E aí?


Naiana Carapeba (15/03/2012)

terça-feira, 13 de março de 2012

Fracasso



Eu finalmente reuni forças para ir ao seu encontro,
mas me deparei com o que mais temia:
Você tinha seguido em frente, como eu suspeitava.
Não estava só.
Construía nova vida, 
recebendo de presente todas as bênçãos da juventude que o acompanhava.

Em seus braços, novos abraços.
Outros cabelos derramavam-se sobre o seu peito.
E outros lábios enchiam os seus dias de sonho.

E, assim, tardes monumentais dissolveram-se
em fuga e desilusão.

Seguindo pela estrada que me levou para longe de você,
desabaram-me as fantasias, ao cair da noite...
A dignidade fugiu-me à face e
uma ira incandescente fez-me atirar todas as nossas lembranças janela afora -
no exato momento em que cruzei a ponte que nos separava...


Fracassou-me a vida, fracassou-me tudo.


Agora, não há mais espaço para outros encontros.
Escapou-me dentre meus dedos a coragem que me embalara.
E o entendimento foi sepultado pela mágoa a me corroer...

Os dias se passaram.
E, em minha memória, o nosso passado já se faz distante.
Por herança, há apenas o seu cheiro
que teima em me enebriar quando fecho os olhos...

Naiana Carapeba (13/03/2012)

A kiss to build a dream on

Alfred Eisenstaedt
Give me a kiss to build a dream on
And my imagination will thrive upon that kiss
Sweetheart, I ask no more than this
A kiss to build a dream on

Give me a kiss before you leave me
And my imagination will feed my hungry heart
Leave me one thing before we part
A kiss to build a dream on

When I'm alone with my fancies...I'll be with you
Weaving romances...making believe they're true

Give me your lips for just a moment
And my imagination will make that moment live
Give me what you alone can give
A kiss to build a dream on

When I'm alone with my fancies...I'll be with you
Weaving romances...making believe they're true

Give me your lips for just a moment,
And my imagination will make that moment live
Give me what you alone can give
A kiss to build a dream on
(Louis Armstrong)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Regresso



Quantas vezes vi seu barco novamente aportando nesta praia?
Regresso a velhos hábitos perniciosos...
Ao túmulo que habito desde sua derradeira partida...


Não há ondas a salgar meus pés.
Estão fincados na areia seca?
Terra firme onde sepultei meus restos de ilusões...


Sua embarcação pende ao meu redor.
Seu balanço me convida.
Em volta, tudo é solidão.
Não há outras vítimas à sua espera...


Imóvel, assisto a seu espetáculo sombrio.
Permaneço rígida, firme, fria.
Um cadáver: minha melhor definição.


Naiana Carapeba (12/03/2012)

sábado, 10 de março de 2012

Hora de Estrelas



O silêncio redondo da noite
sobre o petagrama
do infinito.


Eu saio desnudo para a rua,
maduro de versos
perdidos.
O negror, crivado
pelo canto do grilo,
tem esse fogo-fátuo,
morto,
do som.
Essa luz musical
que percebe
o espírito.


Os esqueletos de mil mariposas
dormem em meu recinto.


Há uma juventude de brisas loucas
sobre o rio.


(Federico García Lorca - Livro de Poemas)


Hora de Estrellas



El silencio redondo de la noche
sobre el pentagrama
del infinito.


Yo me salgo desnudo a la calle,
maduro de versos
perdidos.
Lo negro, acribillado
por el canto del grillo,
tiene ese fuego fatuo,
muerto,
del sonido.
Esa luz musical
que percibe
el espíritu.


Los esqueletos de mil mariposas
duermen en mi recinto.


Hay una juventud de brisas locas
sobre el río.


(Federico García Lorca - Livro de Poemas)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Opção



Não.
Não tive a possibilidade de optar por uma nova vida.
Por novas companhias.
Novas oportunidades ou outros encontros...


Pude apenas abdicar da vida que ora se apresentava.
A vida como ela era...
Nada mais.


Naiana Carapeba (08/03/2012)

terça-feira, 6 de março de 2012

À noite



À noite, as vidraças são escurecidas por sua sombra
a perseguir-me em meus sonhos...
Vidros negros derretidos
pingam gotas orvalhadas em minha superfície turva.
Há um hálito quente a exalar de minha boca.


À noite, os tormentos livres a vagar
misturam em mim toda a sua morbidez...
Fantasmas dançantes
balançam seus vultos em minha memória escarnecida.
Há um arrepio gélido a me calar o grito.


À noite, as fantasias caem junto com sua máscara
a disfarçar tanto ressentimento que o consome...
Capas acetinadas e pálidas
ressaltam os ossos a furar sua pele.
Há um peso imenso a me paralisar completamente.


Naiana Carapeba (06/03/2012)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Keep walking



Just keep walking.


Continue a sua luta,
apesar de tantas derrotas já impostas.
Continue a brilhar sua chama,
apesar de tantas ventanias à sua volta.
Continue, continue...


Just keep walking.


Naiana Carapeba (05/03/2012)

domingo, 4 de março de 2012

Tic-Tac



A cada minuto, mais uma página virada,
no ritmo do relógio que incessantemente faz seu tic-tac.


A cada segundo, mais uma história escrita,
no ritmo de escolhas que se seguem sem parar.


A cada instante, mais espíritos se aproximam,
no ritmo das vidas que acolhemos em nossos sorrisos.


Tic-Tac. Tic-Tac. Tic-Tac.
Você está ouvindo?


Naiana Carapeba (04/03/2012)

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