Parece, às vezes, hipocrisia pensar no tempo
como se anciã fosse,
conquanto ainda na terça dezena da vida.
A sensação que tenho, contudo, é que várias vidas
já passaram por mim.
Muitas delas fui obrigada a viver, à minha revelia,
enquanto outras fui forçada a deixar,
à custa de sofrimento e agarrando-me à sua beira,
como criança chorosa na saia da mãe...
Tantas vezes renasci, sob o mesmo signo,
sob emoções revoltas e ininterruptas.
Custo, ainda agora, a acreditar quando a calmaria aconchega-se na minha praia.
Então, o estado de alerta que me fora imposto
em tantas outras batalhas vividas
nocauteia-me os sentidos, impedindo-me o degustar
da doçura de muitos outros momentos...
Parece, às vezes, hipocrisia pensar no tempo como vilão,
como víbora pronta a me envolver,
em um único ataque certeiro e massacrante.
O sentimento que me devora, por dentro, contudo,
é a ansiedade em conter o seu avanço,
em marcha marcial e ritmada,
que a tudo ultrapassa, que a tudo sepulta.
Mais uma vida me alcança, porém.
Renascida, sob seus olhos vigilantes e,
nos seus braços, sou novamente uma menina...
Naiana Carapeba (21/06/2012)
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