quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tardes



O frio chega no vento 
Arrepiando todo o meu cabelo 
Meu corpo treme, cansado, taciturno 
É o fuso-horário que me confunde - 
Meus olhos pensam ainda ser madrugada 

Ainda há pouco, em meus sonhos, eu tive você 
Nos meus braços 
Abraços 
Na minha boca 
Beijos de desejo 
Um entregar-se sonâmbulo, sonhando... 

Mas os compromissos não me deixam ficar em devaneio 
Da janela, a cidade 
Os edifícios escondem as avenidas que me levarão para longe de você 
A vista é cinza 
E a tarde é repleta de preguiça e solidão 

O digital do relógio é uma alusão aos ponteiros passando... 
O tempo segue, inexorável 
A cada minuto, uma tarefa a executar 
A cada instante se perde mais uma oportunidade 
Mais uma chance de enlaçar 

O que fazer com esta vontade de permanecer 
Quieta, quente no seu abraço 
Numa tarde de silêncio 
Acalento e aconchego perto de você? 
Só o uivo do vento me responde 
E a sua voz é um chamado, um comando 
Para as tardes que não se fazem envolver 

Compromissos me aguardam, enfim 
Enquanto a vida fica escondida num canto 
As tardes aguardam inertes 
Por debaixo da porta de casa


Naiana Carapeba (16/10/2001)

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