Arrepiando todo o meu cabelo
Meu corpo treme, cansado, taciturno
É o fuso-horário que me confunde -
Meus olhos pensam ainda ser madrugada
Ainda há pouco, em meus sonhos, eu tive você
Nos meus braços
Abraços
Na minha boca
Beijos de desejo
Um entregar-se sonâmbulo, sonhando...
Mas os compromissos não me deixam ficar em devaneio
Da janela, a cidade
Os edifícios escondem as avenidas que me levarão para longe de você
A vista é cinza
E a tarde é repleta de preguiça e solidão
O digital do relógio é uma alusão aos ponteiros passando...
O tempo segue, inexorável
A cada minuto, uma tarefa a executar
A cada instante se perde mais uma oportunidade
Mais uma chance de enlaçar
O que fazer com esta vontade de permanecer
Quieta, quente no seu abraço
Numa tarde de silêncio
Acalento e aconchego perto de você?
Só o uivo do vento me responde
E a sua voz é um chamado, um comando
Para as tardes que não se fazem envolver
Compromissos me aguardam, enfim
Enquanto a vida fica escondida num canto
As tardes aguardam inertes
Por debaixo da porta de casa
Naiana Carapeba (16/10/2001)
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