terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Cais


A neblina turva a visão que eu poderia ter da outra margem.
Abraço-me à minha solidão.
Paro em um cais que não leva a nenhum lugar:
apenas se posta diante de mim.
Imóvel. Inerte.
Pontes ceifadas que não servem para nenhuma finalidade. Nenhuma. Nenhuma.
As águas frias passam por mim,
num contínuo movimento que meus olhos não percebem.
Não sinto nada. Não sinto nada.

A minha tarde é repleta de solidão.
E de cais.

Naiana Carapeba
(19/01/2016)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Izaura


Irmãs de alma,
irmãs de calma.
Encontramo-nos nos primeiros degraus de nossa adultice.
Galgando espaço. 
Suando bicas.
Fez-me companhia na penúria.
Fez-se cobertura e proteção.
Ergueu-me acima de seus próprios ombros, 
para que eu pudesse mirar longe...

Irmãs de fúria,
irmãs de injúria.
Acolheu-me no desespero.
Ouviu meus suspiros.
E o meu cansaço.
Escutou absurdos, por mim...
Colocou-me no colo.
Deu-me silêncio.
Deu-me sermão.
Deu-se. A mim.

Irmãs de maternidade.
Cada uma a embalar seu rebento.
Juntas.
Equilibrou-me, em nossos tropeços.
Deu-me sorrisos.
Deu-me seus filhos, como meus.
E recebeu os meus, como seus.

Irmãs de mochila, nas costas.
Juntas andamos pelo mundo...
Nas fotos. Nos cartões postais.
Irmãs de sonho.
De um futuro sempre presente.
Irmãs de vida.

Naiana Carapeba
(13 de Janeiro de 2016)

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