A cada palavra escrita, pronuncio desentendimentos...
Ruídos denunciam uma comunicação que não acontece mais.
Somos ondas a quebrar impiedosamente.
Somos rochas sob o mar.
Tantas vezes nos encontramos.
Em meus sonhos.
Em nossas tardes.
Mas não ficamos verdadeiramente frente a frente.
Os sentimentos estão submersos.
Sobre eles, apenas o movimento das águas escuras -
das nuvens a nos ameaçar.
E, mesmo nus, não estamos desarmados.
Há muitas fantasias sobre nossas peles.
Há muita vivência exalando de cada poro.
Não somos mais. Nós.
Fomos tragados pela imensidão ao nosso redor.
Somos mar e sal.
Somos sol e tempestade.
Perda...
E, em nosso mar, há apenas barcos sem vela.
Naus sem rumo.
Embarcações perdidas...
Minhas ondas não me levarão à sua volta.
Permaneceremos longe do continente.
Somente teremos repouso em nossas ausências.
Naiana Carapeba (17/04/2013)