quinta-feira, 26 de abril de 2012

Supernova



Fixo, catatônica, páginas brancas de histórias,
tendo risos emudecidos em meus lábios.
Percebo, incrédula, uma nova tentativa em me segurar,
pedinte, aos pés de sua esfinge ainda imóvel.


Mas, agora, todas as luas são apenas minguantes,
apagando, em sofreguidão,
as luzes que você acendera em mim.
E, todos os sons que escuto, em meu retraimento,
são como uivos que me convidam e me repelem,
ao mesmo tempo e com igual intensidade.

Luzes atravessaram o universo,
fazendo-se presentes como estrelas,
em novos e diversos horizontes -
mesmo que sem o saber...

Desprendimento que permitiu novas incursões,
conquanto sempre e ininterruptamente ameaçadas
por supernovas - explosão após explosão celestial...

Agora, sem créditos, recebo sua indignidade,
ofertada em todos os gestos,
e, ainda assim tentada -
como crime homicida impossível -
tornado deste modo não pela ineficácia do meio,
mas, sim, pela impropriedade do objeto.
Perceba, caríssimo: há muito tornou-me um cadáver...

O anúncio já havia sido feito...
Seu barco fora, há tempos, tragado.
A imensidão o recebera, sem festa, em alto mar.
Naufragados sonhos sem porto,
luas sem céu,
num universo sem estrelas.
Nossos restos,  compreenda, não foram velados -
apenas mais um defunto abandonado à própria sorte.

Naiana Carapeba (26/04/2012)


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Delicadezas



Pequenas delicadezas fazem completos os meus dias.
Gentilezas embaladas em sorrisos...
Gestos quase imperceptíveis aos olhares desatentos...


Pequenas delicadezas têm uma força que extravasa.
Perfumes contidos em carinhos...
Soluções quase acertadas para uma vida fatigante...


Naiana Carapeba (25/04/2012)

Black



http://www.flickr.com/photos/tannikamajumdar/5501071387/

Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay
Were laid spread out before me as her body once did
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the Sun
Now the air I tasted and breathed has taken a turn

Oh, and all I taught her was everything
Oh, I know she gave me all that she wore
And now my bitter hands chafe beneath the clouds
Of what was everything?
Oh, the pictures have all been washed in black, tattooed everything

I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter, so why do I sear

Oh, and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can, drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?

All the pictures have all been washed in black, tattooed everything
All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all that I'll be, yeah

I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star
In somebody else's sky, but why, why, why
Can't it be, can't it be mine


 (Pearl Jam)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Erros monumentais



Quando episódios assumem peremptoriamente
a condição de erros monumentais,
parecem ter acontecido em uma vida já passada...


Fulano? Engraçado... Nem me lembrava mais...


Naiana Carapeba (23/04/2012)

domingo, 22 de abril de 2012

Whatever Works



Boris Yellnikoff: [to audience] See? I'm the only one that sees the whole picture. That's what they mean by genius.


                                               (Woody Allen - Whatever Works)

sábado, 21 de abril de 2012

Pertencer



A qual tribo você pertence?
A quem você se destina?


Perguntas que vão e voltam, 
como num disco que toca repetidamente a mesma canção...


Mas, em seus caminhos, ainda há muitos cruzamentos
a serem vencidos e vividos.
Em sua trilha, ainda há muitas pegadas
a serem marcadas...


Então, apenas siga o tráfego -
deixe a vida acontecer.
Não se ocupe tanto em pertencer -
ou em se adequar.
O que importa, de verdade, é ser.


Naiana Carapeba (21/04/2012)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Último bastardo


Morava, prostrado, embaixo de uma árvore frondosa
que ladeava meu caminho diário, 
o último dos bastardos de nossa pátria-mãe -
de quem não conheceu gentilezas ou canduras...
Seus olhos tristes,
de animal abatido pela labuta sem trégua,
perguntavam-me se a tristeza era uma possibilidade,
uma escolha válida.
Cansada de minha própria impotência,
respondi-lhe que tudo era possível,
à exceção do desespero que paralisa,
da indignidade que se espalha e
da morte que contamina.


Naiana Carapeba (18/04/2012)

terça-feira, 17 de abril de 2012

The Big Bang Theory Theme


Our whole universe was in a hot dense state,
Then nearly fourteen billion years ago expansion started. Wait...
The Earth began to cool,
The autotrophs began to drool,
Neanderthals developed tools,
We built a wall (we built the pyramids),
Math, science, history, unraveling the mysteries,
That all started with the big bang!

"Since the dawn of man" is really not that long,
As every galaxy was formed in less time than it takes to sing this song.
A fraction of a second and the elements were made.
The bipeds stood up straight,
The dinosaurs all met their fate,
They tried to leap but they were late
And they all died (they froze their asses off)
The oceans and pangea
See ya wouldn't wanna be ya
Set in motion by the same big bang!

It all started with the big BANG!

It's expanding ever outward but one day
It will cause the stars to go the other way,
Collapsing ever inward, we won't be here, it wont be heard
Our best and brightest figure that it'll make an even bigger bang!

Australopithecus would really have been sick of us
Debating out while here they're catching deer (we're catching viruses)
Religion or astronomy, Encarta, Deuteronomy
It all started with the big bang!

Music and mythology, Einstein and astrology
It all started with the big bang!
It all started with the big BANG!

(Barenaked Ladies) 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Susto



Tenho medo das surpresas que a vida me traz.
Muitas vezes, são apenas sustos disfarçados.


Naiana Carapeba (16/04/2012)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Reminiscências



Minha mente se lança
na busca de vestígios que me deixaram marcas.
As reminiscências que encontro
valeram a dor e a pena de terem sido vividas...


Foram minhas experiências que me tornaram o que sou.
Foram minha vivências que me fizeram assim.


E, então...
Foi bom para você também?


Naiana Carapeba (13/04/2012)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Lamento



Os sacrifícios feitos foram vãos.
Noites silenciosas de preces acompanham minha vigília.
Noites escuras de pedidos e de estrelas esbugalham minhas pupilas.

Sua aparição me apresentou, tão indiferente quanto possível, novos tormentos.
O seu hálito me entorpeceu e enojou -
como o de um estranho que me desejava ao longe,
sem permissão.
Nosso encontro pareceu ter ocorrido ainda em outra vida,
há muito sepultada -
como se não houvesse sido.

Vislumbrei seu sorriso vazio de significados -
pereceu-me de imediato um sonho que acalentei,
conquanto em negação e sem contraponto.

Sua trilha, desconexa e fragmentada,
indicou, de forma indene, que não encontrei senão artifícios
nas sutilezas que me enredaram nos seus pés fugidios.

Naiana Carapeba (10/04/2012)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ma jeunesse


Dans ma jeunesse il y a des rues dangereuses
Dans ma jeunesse il y a des villes moroses
Des fugues au creux d'la nuit silencieuse

Dans ma jeunesse quand tombe le soir
C'est la course à tous les espoirs
Je danse toute seule devant mon miroir

Mais ma jeunesse me regarde sérieuse elle me dit:
"Qu'as-tu fait de nos heures?
Qu'as-tu fait de nos heures précieuses?
Maintenant souffle le vent d'hiver"

Dans ma jeunesse il y a de beaux départs
Mon coeur qui tremble au moindre regard
L'incertitude au bout du couloir

Dans ma jeunesse il y a des interstices
Des vols planés en état d'ivresse
Des atterissages de détresse

Mais ma jeunesse me regarde sévère
Ele me dit:
"Qu'as-tu fait de nos nuits?
Qu'as-tu fait de nos nuits d'aventure?
Maintenant le temps reprend son pli"

Dans ma jeunesse il y a une prière
Une prouesse à dire ou à faire
Une promesse, un genre de mystère
Dans ma jeunesse, il y a une fleur
Que j'ai cueillie en pleine douceur
Que j'ai saisie en pleine frayeur

Mais ma jeunesse me regarde cruelle
Ele me dit: "C'est le temps du départ"
Je retourne à d'autres étoiles
Et je te laisse la fin de l'histoire

Mais ma jeunesse me regarde cruelle
Ele me dit: "C'est le temps du départ"
Je retourne à d'autres étoiles
Et je te laisse la fin de l'histoire.

Carla Bruni

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Páscoa


Por que imolais o meu cordeiro, Senhor?
Em tantas provações...
Ele, ao vosso contrário, não é imortal.
E o sangue do meu pequeno não é divino.
Não tem o condão de me lavar os pecados, portanto.
Deixai-o apenas viver, s'il vous plaît...


Naiana Carapeba (06/03/2012)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fabricar amor


Nos meus caminhos não há fábrica de amor.
Reputo impensável forçar um sentimento em outrem.
Seria possível aprender a sentir?
Como se aprende um novo idioma, nos exercícios maçantes das gramáticas que se nos ocupam os espaços por sob os braços...
Como se aprende a tocar um instrumento, nas repetições infindáveis das notas que não desfiam nenhuma única melodia...
Como se aprende a andar, apoiando-se nas mãos que nos emprestam o equilíbrio a nossas pernas ainda falhas a fracassar...

Não. Nos meus caminhos não há fábrica de amor.
E, por isso, deixei-o seguir outros destinos...
Deixei-o passear em outras enseadas...
Dei-lhe a permissão que não me pedira para se afastar, enfim...
Sua vida segue, sem cessar.


E eu permaneço.
Intoxicada pela fumaça que sua rejeição produziu e me fez inalar.


Naiana Carapeba (03/03/2012)

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