segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

E de novo... Um ano novo!



E de novo... Um ano novo!
Tudo continua igual, embora diferente.
As crianças crescem -  elas sempre crescem, como comprovam as calças sempre curtas - mas, continuam crianças, graças a Deus!
Os gritos infantis pela casa denunciam que ainda há muita energia a queimar - e muita trilha a seguir até os ruídos alcançarem um nível civilizado...
Rezo, então, para que a civilização não nos imponha distâncias, não apague a alegria, não impeça os abraços e os beijos grudados, nem os sorrisos sonhados durante as horas madrugadas no meu travesseiro.
Quero ainda muitas e muitas árvores de Natal cheias de esperança - e ainda muitos e muitos anos tendo que vigiá-la, para o pequeno não abrir os presentes antes da visita do Bom Velhinho...
Quero ainda muitas e muitas noites insones, velando meus pequenos infantes - estourando pipoca para comer à frente da televisão nas tardes de chuva...
Quero levá-los à Disney enquanto eles ainda acreditam no sonho - para que me façam crer, novamente, em contos de fadas...
Quero ainda muitas e muitas corridas até a escola, para levá-los, para buscá-los - mas, principalmente, para presenciar e testemunhar cada pequeno milagre...
Quero ainda muitas e muitas birras na mesa do almoço - e todas nossas pequenas implicâncias que apenas denunciam o quanto se parece com o outro e o quanto se ama o outro...
Quero ainda olhar o meu escolhido e trocar cumplicidade e sorrisos que dispensam quaisquer palavras - nosso silêncio diz mais!
Quero muito, Senhor, vivenciar minha família e ter a capacidade de, ao final de mais um ano, dizer:
Quero mais! Obrigada!
Que venha mais um ano novo, de novo!


Naiana Carapeba (19/12/2011)

domingo, 18 de dezembro de 2011

A vida continuou



Paramos o mundo
e nos fechamos para tudo o que antes era tão tão empolgante...
Ficamos a nos consumir, apenas,
aguardando novos loops em nossa montanha-russa.


Paramos o mundo
e ficamos ao sabor das marés e das precipitações...
Mas o granizo da última chuva maltratou-me a pele
e arrancou-me a beleza do rosto.


Paramos o mundo
e permanecemos como meros observadores deste espetáculo sem fim...
Saímos do palco, apesar dos pedidos de bis da platéia
e dos sussurros de desespero que os fãs nos assobiavam às orelhas.


Paramos o mundo,
mas a força da inércia nos fez continuar a jornada em movimento...
Os corpos pedindo, exclamando, por ação.
A vida continuou, enfim...


Naiana Carapeba (18/12/2011)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cicatrizes



As marcas do incêndio ainda estão em suas mãos,
em seus braços sem abraços,
em sua nuca sem perfume,
em seu rosto desfigurado.


As marcas de sua displicência incrustaram-se em tudo,
em minha vida, sem escolhas,
em meus caminhos, desencantados,
em minhas músicas, silenciadas.


Suas cicatrizes enredaram-se em meu corpo,
penetraram-no fundo,
e trouxeram dolorosas recordações à minha mente.


São marcos. São sinais. São vestígios.
Da sua presença ausente.
Da sua ausência presente.
Restaram cicatrizes.
Nada mais...


Naiana Carapeba (12/12/2011)

9 anos



Não importa o tempo passando
No meu coração há 9 anos sem você
Não importa o quanto aconteça
Na minha vida são 9 anos sem você


Você foi roubado de nós
Nos subtraíram o seu primeiro passo - e todos os caminhos que você trilharia depois -
a sua primeira palavra - e todas as frases e os discursos que você falaria depois -
o seu primeiro abraço - e todos os laços que você criaria depois -
a sua primeira viagem - e todas aquelas que você faria depois...


Não importa...
Para mim, sua mãe, há apenas o tempo passando...
E você não está aqui.


Naiana Carapeba (12/12/2011)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Confraria 3



Confraria
Um ponto de equilíbrio
Em encontros que transbordam em risadas e cumplicidade

Confraria
Um ponto de transgressão
Em momentos que fervilham em opiniões e diversidade

Confraria
Um ponto de exclamação
Em mulheres que se uniram em vida e felicidade

Confraria
Porque juntas, somos mais.


                                                Naiana Carapeba (08/12/2011)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Possibilidades


Possibilidades nos aguardam ao abrirmos uma nova porta...


Naiana Carapeba (07/12/2011)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Momento



Em algum momento,
seus olhos não mais eram capazes de me ver -
flutuavam através de mim,
em busca de outro alguém.


Em algum momento,
suas mãos não mais eram capazes de me tocar -
percorriam em minhas curvas
a estrada que levava a outro alguém.


Em algum momento,
seus lábios não mais clamavam pelos meus -
lambiam em mim
o gosto e a saliva de outro alguém.


Em algum momento...
Não eram apenas indícios.
Não era apenas um senão.
Não era mais. Não era. Não.


Em algum momento,
encerrada nossa história, 
despertamos para um pesadelo sem fim...


Naiana Carapeba (06/12/2011)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Poetar



Poetar...
Verbo que transita
entre minha capacidade de expressar minhas reflexões
e a minha incapacidade de me revelar por inteiro.


Poetar...
E abrir as próprias janelas para o universo,
escancarando a alma em suas contradições.
Assumir as próprias vicissitudes.


Poetar...
E sentir o estranhamento estampado no olho do leitor,
outrora acostumado com mera imagem.
Apenas paisagem.


Poetar...
Ato que me rompe as correntes.
Liberta-me no ar:
balão solto entre um ponto e uma vírgula.


Naiana Carapeba
(05/12/2011)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Cuidados especiais



Estou aqui, por você.
Para que possa ter tudo o que for necessário.
Para que seja amado, entendido, aceito.
Como é.
Em suas especificidades.
Em sua diferença.


Você não é como os outros.
É heróico.
É vencedor.
É exemplo.


É mais. Mais. Muito mais.


Então, obrigada.
Por ter sido o meu grande presente.
Por ter me transformado.
Para sempre.
Em algo melhor.


Naiana Carapeba (23/11/2011)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Alma ausente



O touro não te conhece, nem a figueira,
nem cavalos nem formigas de tua casa.
O menino não te conhece, nem a tarde,
porque morreste para sempre.


O lombo da pedra não te conhece,
nem o chão negro em que te destroças.
Nem te conhece a tua recordação muda,
porque morreste para sempre.


O outono virá com caracóis,
uva de névoa e montes agrupados,
mas ninguém quererá mirar teus olhos,
porque morreste para sempre.


Porque morreste para sempre,
como todos os mortos da Terra,
como todos os mortos que se olvidam
em um montão de cachorros apagados.


Ninguém te conhece. Não. Porém eu te canto.
Eu canto sem tardança teu perfil e tua graça.
A madureza insigne do teu conhecimento.
A tua apetência de morte e o gosto de sua boca.
A tristeza que teve a tua valente alegria.


Tardará muito tempo em nascer, se é que nasce,
um andaluz tão claro, tão rico de ventura.
Canto-lhe a elegância com palavras que gemem
e recordo uma triste brisa nos olivais.


(No te conoce el toro ni la higuera,
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce el niño ni la tarde
porque te has muerto para siempre.

No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.

El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.

Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.

No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.

Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de aventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos."

(Federico García Lorca
- Pranto por Ignacio Sanchez Mejias)

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